14 de janeiro de 2011

Existe vida inteligente na oposição?

(imagem do site 4poderes.wordpress.com)


É preciso esclarecer dois pontos antes de começar:

1 - Me considero de esquerda, se é que ainda existe tal classificação. Tenho camiseta de Che Guevara e tudo!
2 - Oposição, aqui falada, independe de orientação política, religiosa e sexual, mas sim da atual conjuntura política de cada nível de governo.

Estamos entendidos? Pois vamos lá.

É incrível como, no Brasil – não sei no resto do mundo por que nunca fui nem no Paraguai, há uma tendência absurda ao maniqueísmo quando falamos de política. Ou você é vermelho ou azul! Ou gosta de tucano ou de arara! Ou é de ESQUERDA ou de DIREITA.

Não sei há quanto tempo essa classificação é quase absurda no nosso país, mas tenho pra mim que o governo Lula implodiu o pouco que restava dessa concepção. É evidente que, ideologicamente, ainda são bem claras as características de cada um desses grupos, mas na prática, o pragmatismo vence de longe. E eu acho isso, de certa forma, uma evolução do processo democrático.

Fisiologismos a parte, é importante que os governos se concentrem no que é preciso ser feito, independente do, como o @gravz – do imprensamarrom.org – sempre fala, Fla x Flu político.

E ai entramos no tema do texto de hoje: por que diabos é tão difícil reconhecer competência e méritos nos integrantes da oposição? Parece que o fato do cidadão defender, ou apenas simpatizar com uma agremiação oposta a sua, automaticamente, cancela qualquer coisa positiva de seu pensamento. A estratégia foi pensada por alguém que um dia falou contra o governo? Então vamos fazer o contrário! O povo? Que que têm eles?

Essa questão veio a tona numa conversa com um amigo tem uma história junto à atual oposição ao governo estadual e que cometeu a insolência de elogiar um quadro técnico do governo Rosalba (DEMo-RN). No tuíter, ele elogiou a nova secretária de cultura e, logo em seguida, manda uma mensagem se defendendo dos (possíveis) críticos dessa posição. Qual a razão de nos mantermos na defensiva sempre que resolvemos reconhecer a capacidade daqueles que não compartilham da maioria de nossas crenças ideológicas?


Isso acontece no nível federal: é evidente que o governo FHC teve méritos, de forma mais palpável na área econômica, mas também em outras, como a saúde pública. Foi ele – aliás, sob gestão Serra na saúde – que implantou nacionalmente o programa saúde da família, hoje a base do SUS. E mesmo assim a atuação situação não consegue enxergar isso.

O mesmo pensa a aliança DEMo-Tucana: O governo Lula, mesmo com os evidentes indicadores sócias e econômicos positivos, é incompetente, corrupto e cara de mamão. Não serve nem pra encosto de porta. Depois reclamam se os eleitores ficam com medo de que, uma vez no governo, a oposição destruirá tudo que foi feito pelo anterior. Exagero? Vocês conhecem Micarla de Souza? Pois é.

Agora, no desastre das chuvas no Sudeste do país, volta a patacoada do Fla x Flu político nas analises, de um lado e de outro. Ah que são 80 anos de tucanato em São Paulo e basta estourar um cano pra alagar a cidade! Ah que o governo Lula mandou dinheiro pra Bahia, ao invés do Rio e por isso caiu o mundo por lá! Ah que são Pedro ficou chateadinho por que seu candidato no ____ (adicione o estado a sua escolha) não ganhou por lá! Vocês estão de sacanagem, né?

É fato que houve, e ainda há, ingerência dos governos na questão da moradia e saneamento, principalmente em áreas de risco, em todo o Brasil. Seja em paragens PTistas ou DEMo-Tucanas. O que não dá agora é, num momento de total desengano dos moradores das áreas atingidas, o cerne das discussões seja essa palhaçada eleitoral.

PS.: aproveitando, quem quiser ajudar ao pessoal do RJ, existes diversas contas recebendo doações e locais de recolhimento de roupas e alimentos. Como não sei de nenhum ponto desses em Natal, deixo a conta da ONG Viva Rio pra quem se animar em ajudar:
Banco do Brasil - Ag.: 1769-8 - C/c.: 411396-9 - Viva Rio - CNPJ: 00343941/0001-28

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