DANÇA DAS CADEIRAS: e o povo que fique de pé!

E o clima pesou na administração municipal natalensis. A resenha notícia em destaque é a exoneração do secretário de planejamento Augusto Viveiros e da secretária da saúde Ana Tânia Sampaio.

Duas são as razões que surgem para o acontecido. A primeira é a troca de sopapos na imprensa sobre uma suposta dificuldade da secretaria do planejamento em liberar recursos para a pasta da saúde. Ana Tânia chiou com a situação e resolveu reclamar na impressa, pressionando Micarla ao colocar seu cargo a disposição. Oficialmente essa indisposição pública entre dois dos principais nomes da gestão foi a razão que levou a prefeita a exonerar os dois. Numa reunião, com direito a choro da borboleta e da ex-secretária, as cartas foram postas na mesa e os dois postos pra fora. Pior para a saúde. Por quê? Sigamos.

A saída de Viveiros, chamados por alguns como o primeiro ministro da borboleta PVista, chocou muita gente, um corte na própria carne, patatí, patatá. Mas parece que a coisa começa a tomar outros contornos. Poucas horas após a oficialização de sua saída, o ex-secretário já é posto como principal candidato a coordenar a campanha da candidata do DEMO ao governo estadual. Surge, portanto, a desconfiança que essa foi uma situação pensada, articulada pelos DEMOs. Mas se os partidos se apoiam, precisa mesmo desse carnaval? Por que não pedir pra sair e deixar tudo claro? Será o início do fim da lua de mel entre os PVistas e os DEMOs nas paragens potiguares? O chapadão PV-PR-PMDB começa a assombrar.

Na saúde o baque será ainda maior. Apesar do que foi alegado para a exoneração de Ana Tania, as duras críticas feitas por ela à borboleta teriam pesado bastante na tomada dessa decisão. Ana Tânia teria dito prefeita é ausente e que só se conseguia despachar com assessores. Micarla pegou ar e botou ela pra correr.

Contudo, outras possíveis razões surgem Apesar de seguir a cartilha PVista na gestão da saúde, é inegável a história e a capacidade técnica de Ana Tânia na condução da pasta. Ter noção do funcionamento do SUS, ser articulada e entender a filosofia por trás do nosso sistema de saúde é essencial para uma boa gestão, ou pelo menos para não deixar o negócio descambar sob a politicagem. E ai a gente para pra pensar: será que uma crítica posta numa reunião de trabalho, dura, que chegou a público por meio de terceiros (aliás, como Tulio Lemos ficou sabendo dessa fala?), é razão suficiente para interromper um trabalho que começa a trazer resultados? Ou será que esses resultados é que começam a incomodar?

A gestão atual, podemos dizer, teve como característica marcante a pressão junto a categoria médica na perspectiva de moralizar a relação deles com o serviço público de saúde. Tivemos uma desgastante greve, o conflito com a cooperativa de anestesiologistas e até um senso pra saber quem tava trabalhando de verdade. Soraya Godeiro, presidente do SINSENAT, observou essa curiosa ligação e, inclusive, nota que houve uma nova ameaça de greve dos médicos. Eles se reuniram com Micarla, suspenderam a paralização e Ana Tânia foi pra rua. Coincidência?

Hoje pela manhã chega a notícia que a secretaria de esportes, atualmente ocupada por Tertuliano Pinheiro, e da educação, cujo secretário é Elias Nunes, também sofrerão mudanças, e ao que consta as razões são as articulações para as próximas eleições. Tertuliano deixou o cargo a pedido de Robinson Farias, que pretende usá-lo como forma de garantir o apoio do PP, colocando Chagas Cantarino na pasta. A educação deve continuar com os Pvistas, assumido por Edivan Martins.

Saúde, Educação, Planejamento e Esportes, em dois dias, sofrem mudanças radicais. Secretarias relevantes em qualquer gestão – tá, esportes nunca fez lá essas coisas né? Mas tá no barco – são desmontadas sob condições suspeitas ou usadas como moedas eleitorais. Essa é a forma de gerir uma capital?

Nossa prezada borboleta, cada dia mais coloca os pés pelas maõs na condução política da republica natalensis. Abarca no chapadão, cria clima entre os Pvistas e fragiliza a relação com os DEMOs (ponto pra ela). Tenta emplacar a irmã ou o marido (?) como suplentes de Zé Agripino, e nem água. Destroi a base de pastas das mais relevantes de sua gestão por causa de uma picuinha ou por articulações eleitorais. Danado você foi fazer como prefeita, moça?